As Primeiras Palavras São Sempre As Mais Importantes

"Pra que serve Machado de Assis?"
Ouvi esta frase - algo indignado, é bom que se diga - de um jovem deveras inteligente, que conheço muito bem, porquanto o vi crescer...
Não, não é o meu filho, mas poderia ser, tal o apreço que nutro por ele...
Nesta ocasião, já fazem alguns meses, quiçá um ou dois anos, estávamos numa reunião de família, minha esposa e eu, festa de aniversário, essas coisas...
Volto a dizer, trata-se de uma pessoa muito inteligente, a que proferiu tal impropério na frente de escrivinhador que se reputa como talentoso, e que, provavelmente... provavelmente, não, certamente terá um futuro brilhante pela frente, seja em que carreira escolher, entretanto, esta simples frasezinha, proferida de maneira "quase" inocente,revelou um sintoma muito grave...
Sintoma este que não deve ser mais um enigma para muita gente:
A IMBECILIZAÇÃO "ELETRÔNICA" DE TODOS OS SEGMENTOS DA SOCIEDADE ORGANIZADA.
Organizada...?
Nem sei de que modo...
Mas isto é tema para outro blog...
Para o Bem e para o Mal.
"Mas você está se beneficiando de uma dessas ferramentas imbecis para manifestar o seu protesto!"
Ainda bem...
Nem tudo está perdido.
Mas voltemos às primeiras palavras, àquelas que deram ensejo para que se criasse mais um blog, que leve as pessoas a exercitar a sua massa cinzenta, tão pouco usada neste mundo de cultura de massas...
Talvez não seja cinzenta, mas marrom.
Diante de tal pergunta, escabrosa, infeliz, eu me vi subitamente embotado, naquela situação típica de uma criatura impotente perante o irremediável, engessado pela cena surreal.
Meus neurônios contorceram-se; alguns deles, os mais fracos psiquicamente, chegaram a pensar em suicídio, mas eu resisti, insuflei-os à revolta, conclamei-os a uma reação praticamente impossível, uma vez que a mídia funciona, na maioria das vezes, como um antibiótico antirreacionista.
Hoje eu penso que nem é culpa dele, coitado, deste jovem inteligente ao qual eu preso muito. Quem sabe eu pudesse elevar a minha voz aos céus, neste tempo rigorosamente de vacas magras, a um tempo e espaço sempre glorioso, lá no Parnaso Eterno onde vivem tantos Mestres Imortais da Literatura Luso-Brasileira, somente para implorar-Lhes: Perdoai-o, Grandes Mestres, pois ele não sabe o que diz.
E é mesmo por aí...
Há piores, por mais absurdo que isso possa parecer, o que eu considero bem mais grave. Dizem por aí: "a língua portuguesa é muito difícil, pouco prática; nós não usamos nem quarenta por cento do vocabulário total; nós deveríamos simplificar a linguagem..." Eu diria: como os imbecilizados que navegam pela Internet, abreviando palavras, vocabulário paupérrimo,inventando símbolos que nos fazem acreditar estarmos em outro planeta?
Isto é o epitáfio na língua portuguesa! Uma língua de heróis e aventureiros desbravadores de mundos, mas que alguns alucinados entrópicos de hoje querem assassinar de vez!
Como se a literatura que se faz de uns anos para cá já não estivesse praticando a eutanásia linguística!
Eu não sei aonde vamos parar em termos de linguagens literárias. O que eu vejo atualmente não me deixa muito otimista, como, aliás, o mundo de hoje não me deixa nem um pouquinho otimista em relação aos seus resultados futuros, mas isto, definitivamente, é assunto para outro blog, e olha que eu vasculho tudo onde possa por os olhos. Não tenho nenhum tipo de preconceito literário, embora saiba pesar muito bem o que presta do que não presta.
A fim de encerrar esta postagem, eu gostaria de me dirigir a você, amante da literatura luso-brasileira, da boa literatura brasileira e portuguesa...
Este blog é seu. O espaço que você pode - e deve! - contribuir com sua experiência, trazendo depoimentos, situações esdrúxulas acerca de como a nossa literatura é maltrarada pela cultura de massas.
Salvemos a literatura luso-brasileira!

Comentários