POESIA EM PESSOA

"Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo de nossa Raça."
Que mais vou dizer depois disso...?
Que a poesia de Fernando Pessoa está coalhada de metafísica...?
Não adianta, se o leitor não tiver a mesma sintonia que o bardo lusitano.
Diziam que ele era um iniciado...
De qual seita hermética?
Não tem a menor importância, porquanto sua literatura nos faz flanar na direção dos deuses antigos...
Os mesmos aos quais ninguém mais leva a sério, visto estarmos encharcados das beberagens pós-modernas, que cheiram mal, e não nos deixam mais enxergar o que é o belo.
Isto é o que fica para mim da leitura de um Fernando Pessoa...
Como já é comum dizer nestes dias, o último a sair apague a luz...

Comentários