MEMÓRIAS PÓSTERAS DE BRÁS CUBAS - FINAL

   O Ministério da Cultura adverte: ler Memórias Póstumas de Brás Cubas causa crescimento intelectual.
   Quantos livros já se escreveram sobre Machado de Assis? Acreditem, eu não li nenhum deles. Mas como diria o grande filósofo Quincas Borba este fenômeno é típico de Humanitas.
   Isto me recorda o ponto alto do livro, pelo menos sob o meu ponto de vista, já na fase final do romance, quando o autor, não o Machado, mas o Brás Cubas, devidamente falecido, lamenta os seus cinquenta anos...
   Ora! Sou obrigado a discordar dele neste particular. Eu completo os meus cinquenta anos neste ano corrente, e, ao contrário de Brás Cubas, sinto-me na melhor fase da minha vida!
   No mais, como o Cubas fala ao entardecer de suas memórias...
   "Tantos sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada".
   E resume a vida numa perpétua luta: "Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal".
   Em todas estas coisas sou obrigado a concordar com eles. Os personagens, o autor, e quem mais quiser concordar comigo. Nós temos é que concordar, uns com os outros; outros com uns.
E para finalizar de vez estas memórias pósteras, que ja andam muito longas, devo dizer que para o aperfeiçoamento de toda a obra literária, deveríamos seguir as regras que Quincas Borba ditou ao Cubas: queimar o manuscrito todo e reescrevê-lo. A parte dogmática, desta forma, fica aperfeiçoada porquanto não escrita... Perfeito, não? Segundo o filósofo Quincas Borba esta é a verdadeira religião do futuro. Acho ele um visionário!
   Como epitáfio final desta matéria, o da obra serve para mim mesmo: "Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa" (...) E se eu falar aqui que não conheci o casamento, minha esposa me põe para dormir na varanda.
   E o mais importante:
   "Não tive filhos. Não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
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