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CAPÍTULO I: “APOCALIPSE NOW”.
À
distância, a órbita externa de Marte assemelhava-se a uma colmeia disputada por
duas facções de abelhas rivais. Objetos pequenos, mas com um poder de fogo
furibundo, disputavam cada quadrante do planeta condenado à morte. Imensas
trajetórias luminosas, como fogos de artifício, brotavam de várias fontes, indo
e vindo de Marte para outros diminutos pontos indefinidos, circulantes. Uma
batalha interplanetária como há muitos milênios não se via por aqui...
Uma segunda esfera, porém bem
menor que Marte, parecia formar um apêndice do planeta maior...
De lá partiam centenas, talvez
milhares, de espaçonaves de todos os tamanhos e capacidades, tentando levar a morte
e a destruição ao inimigo milenar...
O escudo protetor externo da
base marciana dos humanos, que antes se mostrara impermeável, fora penetrado em
vários pontos. Na verdade, todo o escudo de pura energia psiônica estava prestes
a ruir definitivamente...
A tecnologia reptiliana não era
de se desprezar. Mesmo no campo da parapsicologia, os reptilianos não deviam
nada aos humanos. Equipamentos gigantescos, verdadeiras engrenagens
monstruosas, em desenhos totalmente estranhos a um habitante da Terra, sem que
se pudesse identificar nenhum componente daquelas máquinas mortíferas que
enxameavam o solo marciano...
Entretanto, o resultado era
bastante visível...
Destruição.
Ao redor da base, já na
superfície, e em alguns condutos subterrâneos, as tropas de assalto reptilianas
preparavam-se para invadir a base marciana em vários pontos...
Combatia-se dentro e fora do
planeta, em todas as frentes, em todos os quadrantes ao redor da órbita
planetária...
*
As informações vinham de todos os
lados, aos borbotões, multiplicando-se, desfavoráveis, tudo ao mesmo tempo,
como sói na natureza perene do multiverso, porém as mentes libertas armazenavam
tudo com vagar, sem perturbar-se, e registravam tudo na sua devida importância
hierárquica...
Kaschuok
estava sentado no que parecia ser uma poltrona, que se ajustava anatomicamente
a sua figura alta e elegante, mas ela parecia não ter consistência material,
embora, ao mesmo tempo, e de maneira estranha, fosse totalmente visível. Na
verdade, o alienígena amigo da humanidade parecia ter sido engolido por um
mexilhão gigante, mas que, por não conseguir engoli-lo de prima, ficou
engasgado com sua presa. A sua volta, formando uma espécie de domo
transparente, via-se algo como um imenso painel computadorizado, exceto que ele
era o próprio domo transparente, como uma água viva, iluminado de forma
exótica, formando uma cúpula com 360° de informações as mais diversas...
Em
torno de Kaschuok havia outros cinco indivíduos, cobertos pelo mesmo tipo de “máquina”...
Aquilo
parecia uma coisa inacreditável. E, de fato, o era, mas também era real.
Juntando as duas tecnologias envolvidas naquele conflito, de duas raças muito
avançadas tecnologicamente, uma testemunha comum do planeta Terra acharia estar
sonhando, ou coisa pior!
Era muito difícil discerni-los
fisicamente; de fato, impossível! Mas o engraçado é que eles conseguiam este
feito mutuamente. Por mais que as aparências fossem idênticas, os modelos
vibracionais do cérebro não o eram...
Meia dúzia de homens (e mulheres!)
trabalhava analisando todos os desdobramentos possíveis e imaginários da guerra
em curso...
Aqueles domos transparentes davam
aos humanos da raça de Kaschuok todos os dados necessários para que eles
pudessem avaliar e tomar as medidas necessárias para o futuro imediato...
“Os escudos paramentais
protetores da base ruíram” – disse um dos seis seres envolvidos nas análises
globais da guerra. “Nossos fortes de superfície tentaram rechaçar os
reptilianos, mas só obtiveram êxito em parte. Nossa primeira flotilha de
interceptação foi totalmente destroçada.”
Não fora Kaschuok o primeiro a
explicitar aquilo, mas ele e os demais cinco indivíduos chegariam à mesma
conclusão em questão de milésimos de segundos de diferença. Tudo isso porque
aqueles indivíduos possuíam um grau de evolução mais ou menos uniforme, porém,
assim mesmo, havia diferenças básicas que os tornavam diferentes entre si. A
conclusão era óbvia: não havia nenhum cérebro, em todos os universos criados ou
por criar, que fossem idênticos!
“É o primeiro passo para a
invasão...” – retrucou outro dos irmãos de Kaschuok. “Eles vão continuar
golpeando até nos destruírem completamente...”
“Suas tropas de assalto,
espalhadas por vários pontos da região de Cidônia, preparam-se para invadir
nossa base...” – disse o próprio Kaschuok, convicto, mas sem nenhuma
demonstração de pânico.
“Não podemos deixar...” –
retrucou um quarto Siriano, impassível, mesmo diante do extermínio iminente.
“Se sustentarmos esta luta até o
fim”, tornou Kaschuok pensativo, “existe a possibilidade de sermos aniquilados
neste continuum, pois a sanha guerreira dos soldados reptilianos os
impulsionará cada vez mais para a batalha. Eles não conhecem outra programação
mental. No entanto, isto estava previsto no grande plano. No final das contas,
todos nós reencarnaremos; isto será inevitável, sempre numa missão de
reconhecimento ou ensino, nunca expiação, pois esta fase, para nós, está
ultrapassada...”
“Além do mais”, volveu o outro,
“muitos de nós aceitaram o destino de forçar o desencarne dos irmãos
reptilianos envolvidos nesta refrega, o que eles próprios ignoram...”
“Perfeitamente”, concordou
Kaschuok. “Esses soldados reptilianos, que terão suas vidas interrompidas,
foram já responsáveis por muitas mortes de diferentes seres ao longo de outras
encarnações, e sempre como répteis. Agora eles reencarnarão como humanos em
mundos involuídos, e sentirão o drama de terem a vida dificultada por inúmeras
provas causadas pelos seus próprios ex-companheiros...”
“A colônia da Lua terrestre
confirma o envio de reforços...” – disse um dos irmãos de Kaschuok, concentrado
exclusivamente nas comunicações de dentro e fora de Marte. Os outros cinco
indivíduos também acompanhavam tudo o que se desenrolava no planeta e ao redor
dele, mas coube a este indivíduo expressar-se primeiro. “Duas naves mães, com algo em torno de 25
quilômetros quadrados de extensão, rumam para cá...”
“Agora vamos preparar a segunda
frota de naves combatentes”, continuou Kaschuok, “pois uma nova flotilha de caças
reptilianos prepara-se para atacar nossas defesas...”
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